Compartimentação vertical de fachada, Instrução Técnica nº 09/19
Arquitetura e Incêndio, a importância da proteção passiva
Este artigo apresenta a importância da arquitetura na proteção passiva contra o incêndio nas edificações, mais especificamente quanto a compartimentação vertical de fachada, assunto da atual Instrução Técnica nº 09/19.
Sabemos que ao projetar a arquitetura de uma edificação, o arquiteto deve solucionar inúmeros questionamentos
e problemas.A preocupação com o atendimento das questões técnicas exigidas pelas normas vigentes também deve ser observado.
Por que? Porque o seu trabalho e responsabilidade em planejar o funcionamento de uma edificação é enorme, pois vidas, recursos e bens estão envolvidos.
Desta forma, arquitetura e incêndio devem ser observados.
Dentre as questões técnicas a serem atendidas, destaco aqui o assunto de compartimentação vertical de fachada, que impacta diretamente na estética do edifício.
Ela possui papel fundamental para conter que o fogo de um incêndio se propague de um andar para o outro através da fachada.
História paulistana
Tragédias
Algumas tragédias paulistanas deram início a um processo de profissionalização da segurança contra incêndio no Brasil, onde destacamos o incêndio de 1974.
Por exemplo. Foi no edifício Joelma, um edifício localizado na Praça da Bandeira, São Paulo, que em 1º de fevereiro de 1974 um curto circuito em um aparelho de ar condicionado no décimo segundo andar deu início a um incêndio e a tragédia que se seguiria.
Dentre outras falhas e faltas de proteção contra incêndio, o Joelma não possuía um sistema de compartimentação vertical de fachada para impedir que o incêndio se propagasse.
O resultado? 189 vítimas fatais.
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 01-02-1974: Incêndio no edifício Joelma: foto 22: iniciado no segundo andar do edifício Joelma, na avenida Nove de Julho nº 225, ao lado da praça das Bandeiras, o fogo sobe rapidamente, sem permitir que se organizasse o salvamento por helicóptero. As escadas Magirus e os jatos d’água do Corpo de Bombeiros não alcançam os andares mais altos. (Foto: Eivind Molberg/Folhapress) *** OBS.: cedidas por fotógrafo amador ***
A compartimentação vertical de fachada
Mas afinal, o que significa compartimentar verticalmente uma fachada?
Conceitualmente, compartimentar verticalmente uma edificação significa dizer que estamos colocando barreiras físicas resistentes ao fogo para evitar que o incêndio siga seu caminho natural, ou seja, subir.
Seria como fracionar o edifício em várias fatias, sendo cada andar uma fatia, de piso a piso.
Apesar de alguns compreenderem que este tipo de recurso limita e inibe o desenho da fachada, a compartimentação vertical de fachada não é um impedimento ou restrição para a liberdade criativa dos arquitetos e projetistas.
Tecnologias e materiais específicos viabilizam, por exemplo, fachadas totalmente envidraçadas ou fachadas cortina.
Para os elementos construtivos existentes na fachada, basicamente a norma de segurança contra incêndio solicita que pelo menos uma das condições abaixo existam, sendo:
1) Vigas ou parapeitos (anteparos verticais), ou
2) Prolongamento dos entre pisos além do alinhamento da fachada (anteparos horizontais).
Em ambos os casos estes elementos devem ter o tempo de resistência ao fogo exigido pela Instrução Técnica nº 08, sendo que os anteparos verticais devem possuir altura mínima de 1,20 metros (figura A2) e os anteparos verticais projetados no mínimo 0,90 metros além do alinhamento da fachada (figura A3).
Considerações Finais
Importantes alterações foram realizadas na Instrução Técnica nº 09/19, atualizada em 04 de junho de 2020 devem ser observadas para os novos projetos.
Exigências específicas para edificações residenciais, quanto a combinação entre anteparos verticais e horizontais, fechamento de sacadas, relação entre ambientes contíguos (varanda >> sala), e materiais de acabamento e revestimento deste ambiente.
Simulações através de software específico pode ampliar ainda mais as possibilidades apresentadas pelas normas.
Porém, ressaltamos que novas possibilidades devem ter uma análise cuidadosa e criteriosa, além de necessitar de uma análise especial pelo Corpo de Bombeiros antes de sua adoção em projeto.
Pela importância e impacto que as exigências da segurança contra incêndio exercem nos projetos de arquitetura, cabe aos arquitetos, coordenadores de projeto, construtoras e incorporadoras buscarem, ainda no início do desenvolvimento do projeto, a consultoria especifica desta área.
Assim evitam os retrabalhos e principalmente atrasos nos cronogramas, que podem até mesmo inviabilizar um empreendimento por falta de atendimento às normas vigentes.
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